sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Série Especial: avanço na agricultura irrigada passa pela automação

Produtores são capazes de controlar irrigação de suas lavouras à distância

Quem olha uma lavoura sendo irrigada, com o sistema em  pleno funcionamento, pode imaginar que se trata de um equipamento simples. Mas é no detalhe que as pesquisas revelam a importância de cada componente dos pivôs, que fazem chover em plena seca. Os bicos aspersores são exemplos disso. O sistema que faz o processo final da irrigação precisa combinar vento, tamanho de gota e tipo de solo.

– A escolha certa é baseada no triângulo agronômico de proteger o solo, atender à planta e ter uso sustentável da água. Quando você faz uma seleção errada de bicos, pode provocar muita compactação, muita erosão e pode reduzir a quantidade de oxigênio disponível para as raízes das plantas, quando forma uma crosta acima da superfície – afirma Pablo Herrera, vendedor de equipamentos.

O avanço na agricultura irrigada passa pela automação. Um exemplo de pivô linear é o que o produtor pode comandar todo o sistema através de um computador de casa ou pelo smartphone. À distância, ele determina a velocidade da irrigação e a quantidade de água na lavoura.
A reportagem do Canal Rural visitou no Estado do  Tenessi, às margens do Rio Mississipi, o produtor rural Jimmy Moody. Ele tem 40 hectares onde está, pela primeira vez, investindo no arroz – já plantou milho, soja e trigo. O maior problema vem da pressão da água do rio, que muitas vezes acaba inundando tudo.

– O rio Mississipi é o maior rio dos Estados Unidos. Ele drena a água, de todos os Estados do meio-oeste. Nós temos enchentes e esperamos por estas enchentes na primavera. Às vezes elas são grandes, às vezes pequenas. Algumas vezes elas vêm antes, algumas vezes vêm depois. Isso é algo a que sempre estamos atentos, sempre estamos esperando – diz Moody.
Foi por isso que ele investiu em um monitoramento à distancia – colocou sensores de água na lavoura para controlar se a irrigação está sendo eficiente ou se o rio está invadindo a fazenda.
– É o primeiro ano que eu planto arroz. Com esse equipamento, eu não preciso retirar uma amostra do solo para análise. De qualquer lugar eu acesso a internet e simplesmente vejo qual a situação hídrica do solo. Assim, consigo saber qual a quantidade de água que preciso aplicar. Este primeiro ano foi um teste, mas a partir do ano que vem, o equipamento vai facilitar o meu trabalho – afirma o produtor.
A tecnologia começa na fabricação dos sistemas. O Canal Rural visitou uma empresa que é líder mundial no setor de irrigação, responsável por 50% dos pivôs centrais vendidos no mundo. Robôs trabalham desde a solda precisa, até a fabricação de componentes que exigem perfeição. É o que explica Rich Berkland, que trabalha na empresa há 38 anos.
– Quando você olha para um pivô central no campo, você acha que é uma máquina simples. Mas, na verdade, é justamente o contrário. Os aspersores, os componentes elétricos, todos esses elementos tem de trabalhar corretamente para garantir o funcionamento da máquina no campo. O produtor que investe em um equipamento como este não pode ter nenhum problema – garante Berkland.

O brasileiro Bernard Kiep ocupa o cargo de vice-presidente da companhia norte-americana e comanda a divisão internacional. Ele está morando nos Estados Unidos há cinco anos. É também produtor rural com área de irrigação no Brasil e conhece bem os obstáculos que os produtores enfrentam. Kiep faz um comparativo com o que acontece nos Estados Unidos, principalmente no conceito sobre o uso da água.

– O ponto chave que diferencia os Estados Unidos do Brasil não é a tecnologia aplicada, e sim no fato de que, no Brasil, existe muita pesquisa sofisticada, mas um vão muito grande entre a teoria e a prática. Hoje não existe um diálogo destrutivo entre usar a água para a agricultura, existe, sim, uma discussão construtiva no sentido de ‘não vamos proibir, não vamos autorizar, mas vamos usar aonde faz sentido e traz retorno econômico’. E isso, macroeconomicamente, é que faz os Estados Unidos, que tem muito menos água do que o Brasil, em torno de 20 vezes mais eficiente do que o Brasil com toda sua área de sequeiro.

Kiep finaliza a visita do Canal Rural pela produção irrigada nos Estados Unidos com uma conclusão que remete ao desfio da segurança alimentar no mundo, começando pelo Brasil.
– Se aumentarmos somente  em 10% a área irrigada no Brasil, nós já vamos melhorar, e muito, os hortifrutigranjeiros disponíveis. E querendo ou não, eles são os responsáveis pela questão da segurança alimentar. É o tipo de alimentação  que a gente quer que a classe baixa tenha. E, para ter uma alimentação melhor, precisamos conversar menos e tornar mais fácil o dia a dia do agricultor que produz estes horti-fruti.

fonte: Canal Rural

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